sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Você gosta de carregar a mala dos outros?

::Marlene Lamarco::



Você acredita que carrega malas alheias? Vamos fazer um exercício? Como você reage quando seu filho não quer fazer a lição? Ou quando alguém não consegue arrumar a própria mala para a viagem de férias, perde a hora do trabalho com frequência, gasta mais do que ganha… e muitas coisinhas mais que vão fazendo você correr em desvario para tapar buracos que não criou e evitar problemas que não afetam sua vida diretamente?

Não afetam a sua vida, mas afetam a vida de pessoas queridas, então, você sai correndo e pega todas as malas que estão jogadas pelo caminho e as coloca no lombo (lombo aqui cai muito bem, fala a verdade) e a sua mala, que é a única que você tem a obrigação de carregar, fica lá, num canto qualquer da estação. Repetindo, a sua mala, que é a única que você tem obrigação de carregar, fica lá jogada na estação!

Temos uma jornada e um propósito aqui neste planeta e quando perdemos o foco, passamos a executar os propósitos alheios.

A estrada é longa e o caminho muitas vezes nos esgota, pois o peso da carga que nós nos atribuímos não é proporcional à nossa capacidade, à nossa resistência e o esgotamento aparece de repente.

Esse é o primeiro toque que a vida nos dá, pois, quando o investimento não é proporcional ao retorno, ou seja, quando damos muito mais do que recebemos na vida, nos relacionamentos humanos ou profissionais, é porque certamente estamos carregando pesos desnecessários e inúteis.

Quando olhamos para um novo dia como se ele fosse mais um objetivo a cumprir, chegou a hora de parar para rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo. O peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida e acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado.

É o peso da mala que nos deixa assim empedernido. Quanto ela pesa? Quanto sofrimento carregamos inutilmente, mágoa, preocupação, controle, ansiedade, excesso de zelo, tudo o que exaure a nossa energia vital. E o medo, o que ele faz com a gente e quanta coisa ele cria que muitas vezes só existe dentro da nossa cabeça? Sabe que às vezes temos tanto medo de olhar para a própria vida que preferimos tomar conta da vida dos filhos, do marido, do pai, da mãe… e a nossa mala fica na estação…

O momento é esse, vamos identificar essa bagagem: ela é sua? Ótimo, então é hora de começar uma grande limpeza para jogar fora o lixo que não interessa e caminhar mais leve.

Agora, se o excesso de peso que você carrega vem de cargas alheias, chegou a hora de corajosamente devolvê-las aos interessados.

Não se intimide, tampouco fique com a consciência pesada por achar que a pessoa vai sucumbir ao fardo excessivo. Ao contrário, nesse momento você estará dando a ela a oportunidade de aprender a carregar a própria mala.

A vida assim compartilhada fica muito mais suave, pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes acabam se tornando mais amorosos, sem cobranças e a liberdade abre um grande espaço para a cumplicidade e o afeto.

Onde está a sua mala?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Você quer mudar, mas não sabe como?

::Rosana Braga::



Vira e mexe, depois de escrever um novo artigo semanal, recebo mensagens de leitores dizendo que adoram me ler, que sabem que precisam mudar, fazer diferente, tomar novas atitudes, mas... não sabem como nem por onde começar!

Faz sentido! Não são poucos os grandes pensadores que vêm nos alertando desde sempre sobre o quanto uma mudança interior requer a junção de um conjunto de pré-requisitos e, de fato, não é fácil. Mas também é certo que esta é a única forma de fazer a vida valer a pena: tornar-se você, dia após dia, aprendendo a retirar carapuças, remover crenças que não são suas e, feito ostra, encontrar enfim a pérola dentro si mesmo!

Para começar, em primeiro lugar, obviamente, é preciso querer, querer mesmo, de verdade. Mas... querer apenas NÃO BASTA! Sem contar que, para alguns, a percepção de que é hora de mudar chega quando estão se sentindo incomodados, sofrendo. Porém, em muitos casos, especialmente dos mais teimosos e resistentes, a percepção só chega quando estão sangrando, desmanchando-se, desfazendo-se, quase sucumbindo. Somente, então, realmente se disponibilizam a começar o processo de mudança.

Sim, mudar é um processo, um caminho, e não o apertar de um botão qualquer que, feito interruptor de lâmpada, faz tudo clarear com apenas um clique. Portanto, se você deseja mudar da noite para o dia, esqueça! Não vai rolar! Só se muda vivendo, tentando, errando, exercitando um "eu" mais autêntico todos os dias.

Eu sei que, no final das contas, tudo o que você lê pode servir como maravilhoso estimulante, mas na prática, na vida mesmo, quando "o bicho tá pegando", é preciso bem mais do que palavras. É preciso ter as ferramentas certas e, principalmente, saber usá-las. Eis a questão: como?

Embora já tenha cansado de dizer isso, talvez de outras maneiras, vou repetir: não existe uma única resposta. E cada um tem de encontrar a sua. Ou seja, decisão, ação, movimento. Não dá para querer mudar e, ao mesmo tempo, continuar parado ou continuar fazendo tudo igual. Mudar é agir, e agir de um jeito diferente!

Então, acorda! Pare de reclamar, choramingar, cozinhar o galo, dar desculpas, adiar ou enfiar a cara no sofá e ficar assistindo a vida passar. Se você pensa que qualquer pessoa admirável se tornou a pessoa que é só porque desejou e, num estalar de dedos, tudo aconteceu, sinto em decepcioná-lo, mas não foi nada disso, pode apostar! A grande maioria das pessoas realmente felizes teve de fazer por onde, teve de trilhar seu próprio caminho, descobrir quem elas eram e como poderiam se posicionar no mundo.

Por isso, se quer ser realmente feliz, terá de criar a sua história, revelar seus próprios segredos, fazer suas próprias regras e abrir o seu caminho, o que o conduzirá a exatamente aonde você quer chegar! Um passo de cada vez, um dia de cada vez, e buscando ajuda, porque ela é quase sempre essencial!

Não seja inocente nem tolo de achar que pode fazer isso sozinho! Na maioria das vezes, não pode! Precisa de ajuda. E ajuda de quem sabe. Pense: quando está com dor de dente, vai ao dentista. Quando está com dor de estômago, vai ao gastro. Quando está com problemas na pele, vai ao dermato. Mas por que quando está com dores emocionais, resiste tanto para procurar um especialista no assunto? Existem muitas excelentes opções! Psicólogos das mais diversas abordagens, meditação, transpessoal, constelação familiar, livros maravilhosos, cursos imperdíveis. Basta procurar...

Pare com essa bobagem de que falar de sentimentos e aprender a lidar com as emoções é coisa pra gente doida! Pra começar, em última instância, ninguém é normal, nem eu e nem você! E depois, esse tipo de pensamento ou crença equivocada sobre os profissionais que trabalham com a psique humana não passa de um preconceito inconsistente e extremamente limitante!

Um curso que também indico pessoalmente, extremamente funcional e eficiente, é o Processo Hoffman da Quadrinidade*. Já fiz e me surpreendi com a qualidade e os resultados do treinamento, que é validado pela Universidade de Harvard como o melhor para quem quer aprender a liderar a própria vida! São sete dias de imersão absoluta num local especialmente preparado para promover profundas transformações numa pessoa. E conduzido por profissionais altamente competentes e amorosos.

Enfim, se você está sofrendo emocionalmente ou desejando mudar seu comportamento, faça alguma coisa por si mesmo! Caso contrário, terá de se conformar com a vidinha que vem levando e esperar até que ela se torne insuportável e você tenha de reconhecer que já perdeu pessoas, relacionamentos e tempo demais! Mas, sobretudo, pare de atormentar o mundo com suas lamentações, porque elas definitivamente não servem para nada! Tome uma atitude de gente grande!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Em vez de matar um leão por dia... aprenda a amar o seu!

::Pierre Schurmann::



Outro dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. São raras as chances que temos de escutar suas histórias e absorver um pouco de sabedoria das pessoas que já passaram por grandes experiências nesta vida.

Depois de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre meus negócios.
Contei um pouco do que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele:
-"Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia".

Sua resposta, rápida e afiada, foi:
-"Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele".
Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa, pois me disse: - "Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você".
Segue, mais ou menos, o que consegui lembrar da conversa: - "Existe um ditado popular antigo que diz que temos de "matar um leão por dia. E por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão. A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase. Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e precisava trabalhar um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?
Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma. Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado! A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente. Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar alguém, que hoje é nosso diretor-geral. Este "fracasso" me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão? Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: a culpa foi do leão”.
Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história?
Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:
- "É. Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma. Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles. Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em empresas de amigos. Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada, que era o mais importante. Meu jovem, aprendi que somos o resultado de nossos desafios.
Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Com pequenos desafios, nos tornamos pequenos. Aprendi que, quanto mais bravo o leão, mais gratos temos de ser.
Por isso, aprendi a não só respeitar o leão, mas a admirá-lo e a gostar dele.

- Que a metáfora é importante, mas errônea: não devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso. Porque o dia em que o leão, em nossas vidas morre, começamos a morrer junto com ele.”

Depois daquele dia, decidi aprender a amar o meu leão. E o que eram desafios se tornaram oportunidades para crescer, ser mais forte, e "me virar" nesta selva em que vivemos.
A capacidade de luta que há em você, precisa de adversidades para revelar-se.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como a ansiedade atrapalha nossos planos...

::Andrea Pavlovitsch::



Eu sou ansiosa. E dizer isso assim, a seco, ainda não é tão fácil assim. Sou daquelas pessoas que dorme pensando no compromisso que tem às 11 horas da manhã seguinte, mesmo que seja só fazer as unhas. Sou daquelas pessoas que pensa o tempo todo em como estarei daqui a 24 horas, 24 dias, 24 anos. Sou extremamente organizada por conta disso e não sei viver sem o meu Palm (agenda eletrônica) para onde quer que eu vá. Tudo isso para aplacar a minha ansiedade.
Outro dia eu queria muito, muito ir ao dentista. Não que eu seja masoquista nem nada, mas eu faria uma intervenção estética que há muito esperava. No dia anterior, dormi pensando nisso. Em como meus dentes ficariam tão legais, em como eu vivi tantos anos com aquilo que agora eu iria resolver. Fui para o trabalho contente, esperando às 15 horas e eu estar sentada à cadeira mágica da transformação bucal.
As 13h30min a dentista liga: _”Alô, Déia, é a Karina, tudo bem? (a dentista é minha amiga de infância). Olha só, não vou poder atender você as 15, podemos deixar para as 17?” . Eu concordei porque sou uma moça bem educada pela minha mãe e porque, como psicóloga, sei que às vezes precisamos remarcar nossos pacientes, mas estava decepcionada. Queria tanto, e ainda teria mais duas horas pela frente.
Parece uma besteira, mas este episódio me ensinou uma coisa que eu já sabia, mas que nunca tinha visto na prática: como a ansiedade atrasa as coisas que pareciam certas. Eu estava tão ansiosa e só pensava naquilo que isso gerou uma força contrária ao meu desejo. E é isso o que mais acontece nas nossas vidas, em proporções diferentes.

É como quando você quer um namorado novo. Você arruma o seu cabelo, coloca aquele batom da MAC novo que você pagou os olhos da cara, faz massagem relaxante 1 hora antes, se preparada psicologicamente para um encontro e quando está quase lá o bofe liga que terá que cancelar. Ou quando você quer um emprego, aquele emprego, sabe? Faz a entrevista e espera ansiosa por uma resposta que só chega depois de três semanas e geralmente é um não, que poderá até se transformar num sim, mas no momento não é. Duas semanas mais tarde o cara do tal emprego liga dizendo que eles reavaliaram e vão te contratar.

Já percebeu que a melhor maneira de conseguir um monte de homens no seu pé é arrumando um namorado? Ou que a melhor maneira de conseguir um excelente emprego é estar empregado? Isso porque quando já temos algo, não há mais ansiedade. Você já tem, já está feliz e satisfeita e aí é que a energia flui sozinha. Quando colocamos muita força (no sentido de forçar) alguma coisa, sempre dá problemas.
Então, você deve estar se perguntando, como eu domino a minha ansiedade? Confesso que não é algo fácil, haja visto o meu histórico anterior, mas algumas coisas eu já entendi. Primeiro, estar no presente. É um exercício gostoso e simples, mas que geralmente precisamos lutar muito com a cabeça (a cabeça é aquela parte da gente que nos leva para o futuro) para conseguir fazer.
A cada minuto do seu dia, quando você se lembrar, pense no que você está fazendo. Neste momento, eu estou aqui, escrevendo este artigo no meu computador, com frio nos pés. E só. Mais nada. Com o tempo vamos aprendendo a nos manter no aqui e agora e controlando melhor a ansiedade.

Segunda coisa importante: faça coisas que você goste de verdade. Dê uma volta num parque, faça tricô (que eu adoro), jogue sudoku, qualquer coisa que você goste. Aposte em você e naquilo que o fará feliz mesmo que seja por alguns instantes do seu dia. Vá ajeitando a sua vida de maneira que você possa fazer o maior número de coisas boas para você num único dia.
Claro que a louça vai continuar a precisar ser lavada e o chefe vai continuar lhe mandando fazer coisas chatas, mas mesmo nestes momentos tente encontrar o prazer que há naquilo. O prazer de ver a louça lavadinha e linda em cima da pia ou um serviço bem feito.
Arranque de você o que existe de melhor hoje, agora, neste exato momento. Senão, sempre viveremos no futuro, como se o presente fosse um momento ruim a ser passado. Pense, que cada segundo da sua vida é único! Aproveite e esteja encarnado e centrado em você.
Comigo tem funcionado. Mas eu continuarei aqui, no meu projeto presente.
E você? Onde você está agora?