quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ser Louco é ser São


::OSHO::



O mundo tem conhecido pessoas tão bonitas, tão loucas!
Na verdade, todas as grandes pessoas do mundo foram um pouco loucas- aos
olhos da multidão.
Suas locuras tiveram expressão porque elas não eram miseráveis, elas não
estavam ansiosas, elas não tinham medo da morte, elas não estavam
preocupadas com o trivial.
Elas estavam vivendo cada momento com totalidade e intensidade e, por causa
dessa totalidade, dessa intensidade, suas vidas se tornaram uma linda flor -
 elas estavam  cheias de fragrância, de amor, de vida e de riso.

Mas isso certamente fere milhões de pessoas que estão ao seu redor.
Elas  não podem aceitar a idéia de que você tenha alcançado alguma coisa que
elas perderam; elas tentarão, de todas as maneiras, torná-lo infeliz.
 A condenação delas nada mais é do que um esforço para torná-lo infeliz,
para destruir a sua dança, tirar a sua alegria - de medo que você possa
voltar ao rebanho.

É preciso reunir coragem e, se as pessoas disserem que você é louco,
divirta-se com a idéia.
 Diga a elas: "Você esta certo, neste mundo somente pessoas loucas podem ser
alegres e felizes.
 Eu optei pela loucura juntamente com a alegria, com o êxtase, com a dança;
você optou pela sanidade com a angústia, com o inferno - nossas opções são
diferentes. Continue são e permaneça miserável; deixe-me só na minha
locura.
Não se sinta ofendido.
Eu não estou me sentindo ofendido por todos vocês - tantas pessoas são
equilibradas no mundo e eu não estou me sentindo ofendido.

É apenas uma questão de pouco tempo....
Breve, uma vez que elas o tenham aceito como louco, elas não o pertubarão
mais; então você pode se revelar à plena luz com seu ser original- você pode
abandonar todas as suas falsidades.

Toda nossa educação gera uma divisão em nossa mente.
 Temos que mostrar uma face para a sociedade, para a multidão, para o
mundo - não será necessariamente a sua face real; na verdade, não pode ser a
sua face verdadeira.
Você tem de mostrar a face que as pessoas gostam, que as pessoas apreciam,
que será aceita por elas - suas ideologias, suas tradições - e você tem de
reter, para si mesmo, sua face original.

Esta divisão se torna quase intransponível; porque a maior parte do tempo
você está no meio da multidão, encontrando pessoas, relacionando-se com
pessoas - muito raramente você está só.
Naturalmente, a máscara se torna mais e mais parte de você, mais do que a
sua verdadeira natureza.

E a sociedade cria medo em todo mundo - o medo da rejeição, o medo de que
alguém possa rir de você,o medo de perder a sua respeitabilidade, o medo do
que as pessoas irão dizer.
Você tem de se ajustar a todo tipo de pessoas cegas e insconscientes, você
não pode ser você mesmo.
 Essa é a nossa tradição básica, até agora, no mundo inteiro; ninguém tem
permissão para ser ele mesmo.

No momento em que outro está presente, você está menos preocupado consigo
mesmo; você está mais preocupado com a opinião do outro a seu respeito.

Quando você está só no banheiro, você se torna uma criança, às vezes, você
faz caretas diante do espelho.
 Mas se, de repente, você se dá conta de que alguém, até mesmo uma criança
pequena, está olhando pelo buraco da fechadura, você imediatamente muda;
você volta para a sua velha personalidade de sempre - você fica sério,
sóbrio, como as pessoas esperam que você seja.

E a coisa mais impressionante é que você tem medo delas, e elas têm medo de
você; todos temem a todos.
Ninguém está permitindo que seus sentimentos, sua realidade, sua
autenticidade se expressem - e todos desejam isso, porque é um ato muito
suicida, continuar reprimindo sua face original.

Sua responsabilidade é apenas com o seu próprio ser.
 Não vá contra ele, porque ir contra ele é cometer suicidio, é destruir a
você mesmo.
 E qual o benefício?
Mesmo que as pessoas o respeitem, e achem que você é um homem muito sensato,
honrado, ilustre, essas coisas não vão nutrir o seu ser.
 Elas não lhe darão nenhum insight sobre a vida e sua tremenda beleza.

Você está só no mundo: você veio ao mundo só, você aqui é só, e você deixará
este mundo só.
Todas as opiniões alheias ficarão para trás; somente os seus sentimentos
originais, as suas experiências autênticas acompanharão você até mesmo além
da morte.

Nem mesmo a morte pode tirar a sua dança, as suas lágrimas de alegria, a
beleza do seu estar só, o seu silêncio, a sua serenidade, o seu êxtase.
Aquilo que a morte não pode tirar de você é o único tesouro verdadeiro; e
aquilo que pode ser tirado por qualquer um não é tesouro - você está
simplesmente sendo enganado.

A sua preocupação exclusiva deveria ser cuidar e proteger aquelas qualidades
que você pode levar consigo quando a morte destruir o seu corpo, a sua
mente - porque essas qualidades serão seus únicos companheiros.
Elas são os únicos valores verdadeiros; e que as pessoas que as alcançam,
somente estas vivem;
as outras apenas fingem viver.




terça-feira, 17 de julho de 2012

Até que ponto a dependência atrapalha?


:: Rosemeire Zago ::

 
 
A dependência emocional é um dos aspectos que facilmente identificamos nos outros, mas raramente em nós mesmos. Quando alguém nos conta sobre seu relacionamento afetivo, imediatamente percebemos a dependência de um dos parceiros, ou até mesmo, de ambos. Mas será que somos dependentes e não percebemos?

Nem sempre uma pessoa dependente necessita do outro para tudo. Muitas vezes consegue ter independência financeira, mas é na parte emocional que encontra maior dificuldade em cuidar de si própria. Em geral, uma pessoa dependente tem como características principais pouca confiança em si mesma e baixa auto-estima, e o foco está em ser cuidada e protegida, sempre dependendo da aprovação, reconhecimento e aceitação do outro, por não ter consciência de seu valor pessoal. Acredita que precisa do outro mais do que de si mesma.
 
O desejo inconsciente de que alguém cuide de nós pode nos sujeitar a várias formas de dependência psíquica. Ser dependente é como pedir, ou muitas vezes, implorar: "cuide de mim, pois eu não consigo", em todos os sentidos. Dificilmente uma relação verdadeira e autêntica suporta isso por muito tempo, pois qualquer relação deve ser baseada em trocas equivalentes e supõe pessoas inteiras, e como a pessoa dependente não consegue ter essa percepção de si mesma, acaba por gerar muitos conflitos.

A dependência emocional pode causar muitos conflitos nos relacionamentos. É um sinal de muita carência e, acima de tudo, a necessidade de amor, principalmente o amor por si mesmo. A dependência faz parte do ser humano. A dependência emocional por gerar muito sofrimento e pode levar a outras dependências, como drogas, álcool, tabaco, sexo ou outras formas de compulsão, pois o dependente emocional está sempre em busca de que algo ou alguém preencha seu vazio.
 
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a dependência é catalogada como Transtorno da Personalidade Dependente, uma necessidade excessiva que leva a um comportamento submisso e aderente e ao medo da separação. Os comportamentos dependentes e submissos visam obter atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de agir adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. Utilizamos o termo dependência quando uma pessoa recorre continuamente a alguém para ser ajudada, guiada, sustentada na satisfação das próprias necessidades e não no desejo saudável de querer que o outro esteja ao seu lado.

Para que seja considerado um transtorno é preciso identificar ao menos cinco dos seguintes critérios:

- dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia sem pedir os conselhos de outras pessoas;
- necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida;
- dificuldade em discordar dos outros, pelo medo de perder apoio ou aprovação;
- dificuldade em iniciar projetos ou fazer algo por conta própria, por falta de confiança em sua capacidade e não por falta de energia ou motivação;
- chega a extremos para obter carinho e apoio dos outros, a ponto de se oferecer para fazer coisas desagradáveis;
- sente desconforto ou desamparo quando só, por sentir-se incapaz de cuidar de si próprio;
- busca um novo relacionamento urgente como fonte de carinho e amparo, quando um relacionamento íntimo é rompido;
- medo exagerado de ser abandonado.
 
A dependência emocional mostra uma pessoa fragilizada, fraca e carente, que pode causar muitos desequilíbrios em qualquer tipo de relacionamento. A dependência emocional é mais evidente na relação afetiva entre casais, mas também podemos encontrá-la entre pais e filhos, ou entre amigos. O assunto é tão sério que uma pessoa dependente pode fazer sacrifícios extraordinários ou tolerar abuso verbal, físico e até sexual, para evitar ser abandonada.

Os pais, avós, professores, têm um papel importante na formação e educação de todos nós; crianças que se sentiram abandonadas, rejeitadas, não amadas, tendem muito mais a dependerem do amor de outra pessoa, e vivem isso como condição de sobrevivência.

Pais superprotetores podem criar filhos dependentes quando adultos. Quem nunca precisou fazer nada por si mesmo, encontrando tudo pronto por pais que queriam acima de tudo suprir todas suas necessidades, com certeza encontrarão muita dificuldade em tornar-se independente. Pais que demonstram amor e confiança naquilo que a criança faz, com certeza quando adulta ela será muito mais segura de seu valor e muito menos dependente da aprovação e amor do outro.

Mesmo quando adultos desejamos ser protegidos por alguém, não no sentido material, mas principalmente no sentido de apoio emocional. Muitos acreditam que, a qualquer momento, em qualquer situação extrema, poderão contar com o socorro de alguém mais sábio e mais forte, o eterno salvador, incapaz de impedir seus fracassos. Desejar proteção é muito diferente da dependência doentia, que faz com que a pessoa mantenha uma relação mesmo que seja destrutiva, que a faça sofrer, chorar.
 
O primeiro passo para diminuir a dependência é ter consciência de seu comportamento, conhecer-se. Para conseguir realizar um processo de autoconhecimento e com isso, ter a percepção de seu valor, muitas vezes é preciso recorrer à psicoterapia com um profissional de sua confiança. Para abandonar a dependência é necessário identificar em que áreas de sua vida ela se faz presente e de que forma está comprometendo e causando conflitos em suas relações. O importante é se questionar sempre, analisando quando a dependência se torna um fato negativo, que cega e impede de crescer interiormente, tornando a existência um vício da presença do outro. Aprove-se mais, ame-se muito mais e dependa especialmente de você!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Espelho meu...

::Letícia Thompson::





A imagem que damos de nós é muito importante. Nós somos o que somos e ninguém nos muda, mesmo se os acontecimentos podem influenciar nosso estado de espírito. Vivendo em sociedade é imprescindível andar segundo ela.

Erramos quando queremos cobrar das pessoas que nos aceitem como somos, se somos nós que nadamos contra a corrente. Somos o centro da nossa vida, não da vida de todo mundo. Há pessoas que têm uma imagem negativa delas próprias. Se acham feias, gordas demais, magras demais, não tão inteligentes... e reclamam que estão sozinhas, que não encontram ninguém. Mas a imagem que temos de nós é a que passamos para os outros!

Olhe-se no espelho! O que você vê? Sinceramente. Agora pense que o que você vê é o que os outros vêm. Então por que cobrar dos outros uma atitude que nós mesmos não temos em relação a nós? Por que cobrar aceitação se não nos aceitamos, por que cobrar atenção se nos sentimos em nós mesmos esquecidos? Aquele que quer que as pessoas mudem sua maneira de vê-lo, deve mudar primeiro a sua maneira de ver-se.

Se algo não te agrada, há sempre uma maneira de mudar. Quando mudamos a imagem que temos de nós, a sociedade muda a imagem que tem de nós; quando nos aceitamos, a sociedade nos aceita; quando nos gostamos, as pessoas passam a nos gostar. E sabe por quê? Porque começaremos a agir em função dessa imagem.

Se estamos felizes e realmente satisfeitos com o que vemos no espelho, traremos em nós uma aura que vai transmitir essa imagem. Uma pessoa que se acha bonita (sem presunção, por favor!) passa essa imagem bonita a outros. Da mesma maneira como pessoas positivas ou negativas conseguem influenciar seus arredores.

Olhe-se uma vez mais no espelho. Você não gosta do que vê? Então, talvez seja o momento de fazer alguma mudança: corte o cabelo, cuide-se um pouco mais, faça-se bem e feliz, não pelos outros, mas por você. Se você faz pelos outros só vai cair de decepção em decepção. Faça por você! Procure pensar mais em coisas bonitas e deixar de mascar problemas na sua mente.

Lembre-se que o que há dentro da nossa cabeça modifica nossa expressão. Faça uma faxina na sua vida e elimine tudo o que você não gosta e realce aquilo que pode fazer o seu charme. Todos temos algum tipo de beleza escondida, que seja física ou espiritual. Coloque isso pra fora. Exteriorize o que você tem de melhor! Você verá... quando você olhar no espelho e se sentir satisfeito do que vê, o mundo vai se sentir satisfeito com que vê também. Ame-se e seja feliz! Afinal, você merece, como todo mundo! 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O perigoso jogo dos inseguros


::Patricia Gebrim::




"Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra" Não existe nada mais assustador do que gente insegura. Para imaginar isso basta acuar um animal. Experimente... deixe-o bastante assustado (ah... mas não venha depois me responsabilizar pelo que possa ocorrer!). 

Não é difícil que você seja ferido ou agredido por um animal nessa situação. O medo evoca reações muitas vezes incontroláveis, quase reflexas, no sentido de proteger a vida sob ameaça.

Agora transfira essa ideia para os relacionamentos. Uma pessoa insegura está assustada. Teme ser enganada, traída, ferida, usada, aviltada. Uma pessoa insegura fica tensa, prestes a reagir impensadamente a estímulos que, em um estado mais relaxado, poderiam ser considerados absolutamente aceitáveis. Os inseguros, tomados pelo medo, são capazes de atitudes impensadamente destrutivas. Podem reagir de maneira absolutamente injusta, ou planejar vinganças baseadas em fantasias criadas pelos fantasmas do medo. 

Quando temos medo do escuro, qualquer barulho torna-se insuportavelmente assustador. Da mesma forma, nos relacionamentos, quando tomados pelo medo, perdemos a capacidade de enxergar objetivamente e transformamos atitudes normais em ameaças potenciais.

Se você quer manter a saúde de seu relacionamento afetivo, precisará aprender a lidar com seus próprios medos e inseguranças. Ouça... O outro não pode fazer isso por você. O seu medo não é algo que pertença à pessoa com quem você se relaciona. O seu medo “é todo seu”, goste ou não dessa ideia. Será preciso que você lute contra o que o assombra, sem cair na tentação de projetar isso em seu parceiro, culpando-o ou tentando assombrá-lo ainda mais do que tem se sentido assustado.

Algumas pessoas, por se sentirem inseguras, costumam criar um jogo nefasto para se defender de seu próprio medo: tentam tornar seu parceiro amoroso ainda mais inseguro do que si mesmas. Fazem isso sempre jogando algo no ar. Uma ameaça... Uma informação desencontrada... Um comentário aparentemente casual mas que leva a semente de uma ameaça. Sua tentativa é a de fazer com que seu parceiro se sinta inseguro e fragilizado, como se só dessa forma, ao perceber que seu parceiro teme perder seu amor, você conseguisse acreditar que seja de fato amado.

Claro que essa não é uma boa estratégia. Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra.

Se você está em um relacionamento no qual esse tipo de jogo se estabeleceu, se seu parceiro afetivo o vem provocando para que você se sinta inseguro, ou se você tem tido a necessidade de fazer isso, pare por um instante e procure em você por aquilo que possa ser uma base real para um relacionamento saudável: a confiança. Sem confiança os relacionamentos estão fadados ao fracasso. 

Eu sugiro que você converse com seu parceiro e exponha o que percebeu. Essa é uma ótima maneira de “quebrar o jogo”. Caso perceba que o outro esteja tentando lhe causar insegurança, mostre que está percebendo isso e procure entender os motivos dessa atitude. Caso seja você que esteja agindo assim, pare e escolha uma maneira mais madura de lidar com seus medos. Conversar sobre sua insegurança pode ser um bom começo.

Lembre-se de que confiar, em primeiro lugar, não é confiar no outro, e sim confiar em si próprio. Confiar que você possa sim ser uma pessoa bacana o suficiente para que o seu parceiro respeite você. Precisamos confiar no fato de que merecemos ser amados. 

Precisamos também confiar em nossa capacidade de nos proteger, de nos tirar de situações indignas. Ninguém é capaz de controlar o que vai enfrentar no terreno amoroso, assim confiança é também se lembrar de que, caso a relação deixe de ser saudável, você sempre poderá fazer suas malas e buscar alguém que o trate de forma mais respeitosa. Se nos soubermos capazes de fazer isso, não teremos tanto medo, nem nos preocuparemos tanto em ter o controle de tudo. Afinal, isso não é algo possivel de ser atingido.

Assim, confie em si mesmo e ajude seu parceiro amoroso a sentir-se confiante. Deixe de lado os jogos, pare de tentar se afirmar fazendo com que o outro se sinta inseguro. Caso seu parceiro insista em manter esse jogo em andamento, pense se realmente é válido permanecer um relacionamento dessa forma. 

Tudo se resume em nossas escolhas, lembre-se sempre disso.

Claro que relacionamentos não são descartáveis e que nossa primeira tentativa deve ser a de superar os desafios, crescer, transformar o relacionamento em um espaço de amadurecimento e superação. 

Mas, caso isso se mostre impossível, nunca se esqueça de que sair de um relacionamento doentio é também uma opção saudável e protetora.